terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Kingdom


Duração: Kim Seong Hun
Roteiro: Kim Eun Hee
Baseado na obra: Land of the Gods de Kim Eun Hee
Distribuição: Netflix
Produção: AStory
Número de Episódios: 6
Duração média dos episódios: 45-55 min
Gênero: Histórico, Fantasia, Horror e Thriller

     Quando uma doença desconhecida acomete o imperador da Coréia, o príncipe herdeiro, Lee Chang (Ju Ji Hoon), viaja em busca de respostas em meio a um ambiente hostil. Mas tudo é bem pior do que parece, pois grande parte da população acaba infectada e se transforma em seres irracionais que comem carne e sangue humano. Como essa epidemia afetará a disputa pelo trono?


     Aposto que muitos desdenharam do primeiro k-drama original Netflix que foi lançado, afinal o período Joseon e os zumbis não parecem ser elementos que combinam muito um com o outro. Também estava com um pé atrás, mas quando o trailer saiu eu percebi imediatamente que “Kingdom” me surpreenderia do início ao fim. E é claro que para incentivar as pessoas a perderem seus preconceitos bobos, nada melhor que adicionar Ju Ji Hoon (Mask) e Bae Doona (Sense8) no elenco. Quem não ia querer ver esses dois grandes artistas coreanos, não é?


     A temática zumbis foi abordada de uma forma inovadora e diferente na trama, trazendo novas características aos zumbis que nós conhecemos e ambientando a história no passado. E o melhor é que tudo isso está interligado e organizado de forma que esses seres não sejam o foco da trama, mas sim algo que a complementa e que auxilia na realização de críticas sociais. Isso acontece devido ao fato dos zumbis só ficarem ativos no período da noite, dando oportunidade para que toda uma história política aconteça durante o dia. Muito melhor, não é gente? Quem já não cansou de assistir histórias que só possuem matanças para cá e para lá?


     Então se você é uma daquelas pessoas que gosta de disputas por poder em períodos medievais, como acontece em Game of Thrones e Vikings, você com certeza irá gostar de Kingdom. Ele nos mostra de forma bem interessante como a política coreana acontecia no período Joseon e quais as estratégias utilizadas por aqueles que queriam ficar com o trono. Embora essa parte da história seja mais lenta e calculista, sem muita ação e lutas, ela não perde nem um pouquinho para os momentos em que os zumbis predominavam. Na realidade, as maiores surpresas da série vinham justamente das estratégicas políticas.


     E para tornar a série mais interessante, nos foi dado protagonistas de classes sociais e habilidades bem diferentes umas das outras. O grupo principal, que pretende acabar com o alastramento da doença, é composto pelo príncipe herdeiro, uma enfermeira chamada Seo Bi (Bae Doona), o guarda real Moo Young (Kim Sang Ho) e um guerreiro habilidoso chamado Yeong Shin (Kim Seong Gyu). E a união desses improváveis personagens torna o andamento da história mais diferente e curioso, já que são classes de pessoas que não costumamos ver em filmes de zumbi todos os dias.


     E a série não perde muito tempo com personagens secundários, dando foco ao desenvolvimento dos quatro personagens anteriormente citados. Assim, a história não se distancia da trama principal, que objetiva decidir quem ficará com o trono e como a doença será impedida de ser alastrada. Mas isso não impede que as aparições curtas de alguns outros personagens também sejam impactantes. Você irá perceber isso ao observar as aparições da rainha Cho (Kim Hye Jun), que consegue te surpreender cada vez mais no decorrer da história. É querer demais que uma personagem que podia ser muito explorada tenha um maior enfoque na segunda temporada?


     E para complementar a trama, é necessário um antagonista a altura, correto? Cho Hak Jo (Ryu Seung Ryong) consegue cumprir com maestria esse papel. Incrível como o poder nem sempre está nas mãos de quem esperamos, não é? Uma mente inteligente e perspicaz pode fazer com que um rei viva em uma ilusão e só tenha um poder simbólico. Sua predileção pelo filho em detrimento da filha (que é a rainha) fornece ao telespectador uma importante reflexão, bem como me deixou muito curiosa e interessada para saber como será a relação entre pai e filha na próxima temporada.


    Como deu para perceber, a parte política da história é realmente maravilhosa, nos fazendo refletir acerca de várias coisas, principalmente em relação as pessoas que governam o mundo. Podemos perceber muitas críticas durante a série que poderiam facilmente ser feitas no mundo atual, nos mostrando como certas coisas nunca mudam. Cadê um Lee Chang da vida real que realmente se importe com o bem estar de todos?


     E o mal que há nas pessoas surge principalmente em situações de medo e desespero, representadas no k-drama nos momentos em que os zumbis se tornavam uma séria ameaça. A covardia e a maldade reina onde há caos. “Kingdom” não nos poupa das crueldades que aconteceram no período, com pessoas sendo abandonadas e familiares se transformando e comendo outros familiares. Crianças, idosos doentes, pessoas deficientes e grávidas são constantes alvos de zumbis.


     E muitos disseram que não gostaram muito da aparência dos zumbis. Eu não me importei muito com elas, sabe? Ela tinha que ser grotesca mesmo, com pessoas cobertas de sangue e totalmente sujas. A epidemia acabou de começar, então não tem como esperar zumbis em decomposição como acontece em The Walking Dead, não é? O importante é que os atores conseguiram interpretar bem os zumbis, agindo da forma como eles realmente deveriam agir.


     Um último elogio para o capricho que tiveram durante toda a série com a ambientação e as vestimentas dos personagens. Achei que tudo estava perfeito, sendo muito compatível com muitos costumes e elementos culturais que eu já vi em outros dramas que se passaram no período Joseon. Somando-se a isso temos cenas de ação bem legais e bem feitas envolvendo espadas e a sobrevivência em um período no qual armas de fogo eram lentas e não tão eficientes.


     Por fim, lamento avisá-los que vocês terão que esperar pela segunda temporada ao terminar de assistir a primeira. Isso mesmo! A segunda temporada já está confirmada. A Netflix estava tão confiante que ela renovou a série antes mesmo de ela ter ido para o catálogo. Só por isso já dá para perceber como ela é boa. O final dessa temporada terminou em um momento bem crítico e eu mal estou me aguentando de vontade de saber o que vai acontecer. E aposto que não sou só eu que estou me sentindo assim...

Nota: 9.5

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