Duração: Kim Seong Hun
Roteiro: Kim Eun Hee
Baseado na obra: Land of the Gods de Kim Eun Hee
Distribuição: Netflix
Produção: AStory
Número de Episódios: 6
Duração média dos episódios: 45-55 min
Gênero: Histórico, Fantasia, Horror e
Thriller
Quando
uma doença desconhecida acomete o imperador da Coréia, o príncipe herdeiro, Lee
Chang (Ju Ji Hoon), viaja em busca de respostas em meio a um ambiente hostil. Mas
tudo é bem pior do que parece, pois grande parte da população acaba infectada e
se transforma em seres irracionais que comem carne e sangue humano. Como essa
epidemia afetará a disputa pelo trono?
Aposto
que muitos desdenharam do primeiro k-drama original Netflix que foi lançado,
afinal o período Joseon e os zumbis não parecem ser elementos que combinam
muito um com o outro. Também estava com um pé atrás, mas quando o trailer saiu
eu percebi imediatamente que “Kingdom” me surpreenderia do início ao fim. E é
claro que para incentivar as pessoas a perderem seus preconceitos bobos, nada
melhor que adicionar Ju Ji Hoon (Mask)
e Bae Doona (Sense8) no elenco. Quem
não ia querer ver esses dois grandes artistas coreanos, não é?
A
temática zumbis foi abordada de uma forma inovadora e diferente na trama,
trazendo novas características aos zumbis que nós conhecemos e ambientando a
história no passado. E o melhor é que tudo isso está interligado e organizado
de forma que esses seres não sejam o foco da trama, mas sim algo que a
complementa e que auxilia na realização de críticas sociais. Isso acontece
devido ao fato dos zumbis só ficarem ativos no período da noite, dando
oportunidade para que toda uma história política aconteça durante o dia. Muito
melhor, não é gente? Quem já não cansou de assistir histórias que só possuem
matanças para cá e para lá?
Então
se você é uma daquelas pessoas que gosta de disputas por poder em períodos
medievais, como acontece em Game of Thrones e Vikings, você com certeza irá
gostar de Kingdom. Ele nos mostra de forma bem interessante como a política
coreana acontecia no período Joseon e quais as estratégias utilizadas por
aqueles que queriam ficar com o trono. Embora essa parte da história seja mais
lenta e calculista, sem muita ação e lutas, ela não perde nem um pouquinho para
os momentos em que os zumbis predominavam. Na realidade, as maiores surpresas
da série vinham justamente das estratégicas políticas.
E
para tornar a série mais interessante, nos foi dado protagonistas de classes
sociais e habilidades bem diferentes umas das outras. O grupo principal, que
pretende acabar com o alastramento da doença, é composto pelo príncipe
herdeiro, uma enfermeira chamada Seo Bi (Bae Doona), o guarda real Moo Young
(Kim Sang Ho) e um guerreiro habilidoso chamado Yeong Shin (Kim Seong Gyu). E a
união desses improváveis personagens torna o andamento da história mais
diferente e curioso, já que são classes de pessoas que não costumamos ver em
filmes de zumbi todos os dias.
E a
série não perde muito tempo com personagens secundários, dando foco ao
desenvolvimento dos quatro personagens anteriormente citados. Assim, a história
não se distancia da trama principal, que objetiva decidir quem ficará com o
trono e como a doença será impedida de ser alastrada. Mas isso não impede que
as aparições curtas de alguns outros personagens também sejam impactantes. Você
irá perceber isso ao observar as aparições da rainha Cho (Kim Hye Jun), que
consegue te surpreender cada vez mais no decorrer da história. É querer demais
que uma personagem que podia ser muito explorada tenha um maior enfoque na
segunda temporada?
E
para complementar a trama, é necessário um antagonista a altura, correto? Cho
Hak Jo (Ryu Seung Ryong) consegue cumprir com maestria esse papel. Incrível
como o poder nem sempre está nas mãos de quem esperamos, não é? Uma mente
inteligente e perspicaz pode fazer com que um rei viva em uma ilusão e só tenha
um poder simbólico. Sua predileção pelo filho em detrimento da filha (que é a
rainha) fornece ao telespectador uma importante reflexão, bem como me deixou
muito curiosa e interessada para saber como será a relação entre pai e filha na
próxima temporada.
Como
deu para perceber, a parte política da história é realmente maravilhosa, nos
fazendo refletir acerca de várias coisas, principalmente em relação as pessoas
que governam o mundo. Podemos perceber muitas críticas durante a série que
poderiam facilmente ser feitas no mundo atual, nos mostrando como certas coisas
nunca mudam. Cadê um Lee Chang da vida real que realmente se importe com o bem
estar de todos?
E o
mal que há nas pessoas surge principalmente em situações de medo e desespero,
representadas no k-drama nos momentos em que os zumbis se tornavam uma séria
ameaça. A covardia e a maldade reina onde há caos. “Kingdom” não nos poupa das
crueldades que aconteceram no período, com pessoas sendo abandonadas e
familiares se transformando e comendo outros familiares. Crianças, idosos
doentes, pessoas deficientes e grávidas são constantes alvos de zumbis.
E
muitos disseram que não gostaram muito da aparência dos zumbis. Eu não me
importei muito com elas, sabe? Ela tinha que ser grotesca mesmo, com pessoas
cobertas de sangue e totalmente sujas. A epidemia acabou de começar, então não
tem como esperar zumbis em decomposição como acontece em The Walking Dead, não
é? O importante é que os atores conseguiram interpretar bem os zumbis, agindo
da forma como eles realmente deveriam agir.
Um
último elogio para o capricho que tiveram durante toda a série com a
ambientação e as vestimentas dos personagens. Achei que tudo estava perfeito,
sendo muito compatível com muitos costumes e elementos culturais que eu já vi
em outros dramas que se passaram no período Joseon. Somando-se a isso temos cenas
de ação bem legais e bem feitas envolvendo espadas e a sobrevivência em um
período no qual armas de fogo eram lentas e não tão eficientes.
Por
fim, lamento avisá-los que vocês terão que esperar pela segunda temporada ao
terminar de assistir a primeira. Isso mesmo! A segunda temporada já está
confirmada. A Netflix estava tão confiante que ela renovou a série antes mesmo
de ela ter ido para o catálogo. Só por isso já dá para perceber como ela é boa.
O final dessa temporada terminou em um momento bem crítico e eu mal estou me
aguentando de vontade de saber o que vai acontecer. E aposto que não sou só eu
que estou me sentindo assim...
Nota: 9.5
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