sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Resenha: Apocalipse Zumbi 2 – Inferno na Terra


Autor: Alexandre Callari
Editora: Évora
Número de Páginas: 356

Quando vi a capa do primeiro livro da série Apocalipse Zumbi, eu fiquei impressionada com tamanha perfeição da ilustração. Eu só não esperava que a capa do segundo ia ficar ainda melhor. Com certeza qualquer pessoa sentiria medo de se encontrar com um zumbi desses. Em Inferno na Terra o leitor descobrirá imediatamente que o principal problema do apocalipse não são os zumbis, mas os próprios seres humanos.

Eu elogiei a capa, então agora terei que criticar as ilustrações. As imagens do primeiro livro, na minha opinião, estavam melhores que as do segundo. Acho que pode até ser proposital que o autor tenha desejado que as elas sejam meio feias e sem muitos detalhes, mas realmente passou a impressão que elas foram feitas de qualquer jeito. De qualquer modo, isso não vai interferir na sua leitura, embora ter um livro com imagens caprichadas seja muito legal.

O livro se inicia nos apresentando dois personagens que serão muito importantes nessa trama: Bispo e Tebas. O primeiro era um homem que tinha uma vida frustrada e que acabou descobrindo em uma saída noturna, que apreciava a sensação de matar pessoas. Na Era D.A (Depois do Apocalipse), ele se tornou líder de um grande grupo: a Catedral. O segundo era líder de uma comunidade nômade. Ele era um lutador nato, adquirindo vários pertences de outros grupos nos jogos que participava. Já deu para perceber que eles darão muito trabalho para os sobreviventes do quartel, certo?

Assim como no primeiro livro, em cada capítulo nos é mostrado cenas dos mais diversos personagens e nos mais diversos tempos. Em um capítulo conhecemos o passado de uma personagem, no outro ficamos sabendo o que está acontecendo no quartel, no outro nos vemos na catedral. Isso faz com que a leitura seja bem dinâmica e você se mantém curioso o livro inteiro. Se tem uma coisa que você pode ficar tranquilo, é quanto ao livro te prender do início ao fim. Posso dizer seguramente que a história do segundo conseguiu ser mais emocionante que a do primeiro.

Quem leu o primeiro livro sabe que Manes pretende não ficar mais tão passivo em relação aos zumbis, decidindo começar a enfrentá-los. Eu realmente acho isso muito lógico, pois quanto mais você mata, menos deles você tem perto da sua comunidade. Além disso, as pessoas passariam a ficar mais habilidosas, tendo mais treinamentos para que o confronto dê certo. O problema é que Manes vem com o plano de chamar outras comunidades para ajudá-los. Fala sério! Ele não aprendeu com Dujas que lidar com pessoas desconhecidas é uma má ideia?

Então, ele monta uma comitiva formada por Espartano, Júnior e ele próprio. O objetivo é que eles cheguem à Catedral – a maior comunidade conhecida – e convençam seu líder a ajudá-los a limpar uma área da cidade para que todos possam viver com conforto. O detalhe é que esse grupo fica a quase 300 quilômetros de distância. Será que é realmente seguro deixar o quartel sem um de seus dois melhores lutadores?

Quando eles partem, quase que imediatamente as luzes se apagam. Muita coincidência, não? Não satisfeitos em perder dois ótimos lutadores, Zenóbia e Cortez saíram do quartel para descobrir onde estavam os geradores de energia que alimentavam a cidade. Tem hora que me irrita essas idiotices que as pessoas fazem em histórias de zumbi. É óbvio que algo irá acontecer no quartel. E só para nos deixar nervosos, o autor nos avisa isso em um dos primeiros capítulos.

Realmente achei que a história ficou muito emocionante. Parabéns para Alexandre Callari! Eu simplesmente li tudinho em dois dias. Sabe o que é melhor de tudo? Há momentos do livro que falam sobre preconceito. Acho muito legal quando há partes que fazem as pessoas pararem um pouco e refletir. A única coisa que o livro não te proporciona são personagens cativantes. A personagem que eu mais gostava no primeiro livro morreu e outros que eu gosto quase não aparecem. Isso pode ser um problema para algumas pessoas, embora acho que a tensão e o ritmo da trama conseguem te prender por si só.

Nesse livro tem uma personagem que eu realmente gostei: Duda. Ela é muito engraçada, inteligente e tem uma ótima personalidade. Espartano, Júnior e Manes a encontram por acaso e são ajudados por ela. Fiquei com dó de saber tudo pelo qual ela passou antes e durante o apocalipse. Mas ela disse algo que é verdade: minorias eram perseguidas antes de tudo acontecer, agora todos são perseguidos igualmente pelos zumbis. Não tem como você ler esse livro e não gostar dela.

Zenóbia foi uma personagem que eu passei a gostar um pouquinho mais. Ela é atlética, independente e uma ótima lutadora. O problema é que no primeiro livro ela foi retratada simplesmente como alvo do afeto de Manes. Sua personalidade é péssima quando ela está perto dele. Nesse livro, o autor conseguiu subir meu conceito sobre ela, pois mostrou que ela não é nada submissa e covarde. As pessoas que ela encontra no meio de sua missão são as mais loucas que apareceram nessa série até agora. Parece que vai surgindo uma cena mais grotesca que a outra.

Eu quis matar o autor quando descobri que o terceiro lido ainda não foi lançado. Eu fiquei apreensiva, pois esse livro é de 2013 e li em alguns lugares que o terceiro ia ser lançado no final de 2014. Será que ele não vai lançar o próximo? Espero que ele esteja logo nas prateleiras das livrarias. Só digo que o último capítulo foi muito bom e me deixou curiosa para ter a continuação. Além disso, ele conseguiu o feito impressionante de fazer com que Manes ganhasse um pouco do meu respeito. Esse personagem com certeza sempre foi o que eu mais odiei.

Nota: 9.5

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