Autora: Trudi Canavan
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 448
Era mais um dia de
Purificação. Os magos de Imardin esperam pacientemente a ordem para iniciá-la.
Vários jovens tentam lançar objetos neles, porém todos são bloqueados por uma
barreira invisível. Até que, de repente, uma pedra com um leve lampejo azul
ultrapassa a proteção e atinge uma das pessoas encapuzadas. Uma garota no meio
da multidão se assusta, afinal, como ela havia feito isso? Ela havia usado
magia? O que eles farão com ela?
Após o inesperado
evento, um reunião muito importante estava ocorrendo no Salão do Clã. Os magos
estavam decidindo o que fazer em relação ao garoto morto na Purificação e em
relação à garota que usava mágica sem nenhum tipo de controle. É perceptível o
desprezo da maioria deles quanto as classes mais baixas, sendo que alguns
queriam somente retirar os poderes da garota e devolvê-la ao lugar em que
vivia. Nesse ponto, percebemos que eles não são muito diferentes de algumas
pessoas de hoje.
Sonea é uma garota que
vivia com seus tios em lugares extremamente precários da cidade. Ela é a
protagonista da história, que descobriu que podia usar magia sozinha.
Particularmente, eu gostei muito dessa personagem, pois além dela ser muito
inteligente, ela era muito corajosa e esperava usar seus novos poderes para
ajudar outras pessoas. A característica que mais te agrada nela é fato de não
ser facilmente intimidada.
Rothen foi o mago
alquimista que primeiro percebeu quem tinha sido o autor do ataque à barreira.
Ele possui uma ótima personalidade, sempre deixando claro que não concordava
que ferissem Sonea de alguma forma. Ele parece ser aqueles mentores que são
como pais para seus alunos, ensinando-os e repreendendo-os quando necessário. A
relação dele e de Sonea é realmente muito legal de se ver, sendo que um abre os
olhos do outro para certos assuntos.
Sem dúvida nenhuma, o
personagem mais engraçado é Dannyl. Este foi aprendiz de Rothen quando mais
jovem e possui uma língua bem afiada. Ele não é muito explorado nesse livro,
mas sabemos que alguns outros magos o tratam com desdém. Realmente fiquei
curiosa para saber qual o motivo de tanta rivalidade. Embora saibamos muita
coisa sobre ele, percebemos que foi determinante para que alguns acontecimentos
dessem certo nesse primeiro volume.
Esses três são os
personagens por quem mais me vi cativada, mas há muitos outros. Se tem uma
coisa que Trudi Canavan sabe fazer é criar ótimas personagens. Além deles há:
Cery (amigo da protagonista), Administrador Lorlen, Lady Vinara (chefe dos
curadores), Tania (criada de Rothen) e Akkarin (Lorde Supremo). Este último
aparece muito POUCO, mas te deixa com uma impressão e tanto. Imagine uma pessoa
extremamente imponente que faz com que até mesmo os mais confiantes abaixem a cabeça.
Essa descrição se encaixa perfeitamente nele.
É claro que não é
possível gostar de todos os personagens. Então, surge Fergun para fazer você
passar raiva. Além dele pegar no pé de Rothen e Dannyl, ele queria planejar
algo para se vingar de Sonea e se certificar que nenhum “favelado” ponha os pés
na universidade de magos. Eu ainda não falei isso, mas foi ele quem a
protagonista atingiu com a pedrada no início da história. Ele é realmente
desagradável e desprezível.
Achei a história bem
diferente e interessante. O tipo de mágica que os magos podiam fazer e a
maneira como a faziam é diferente das que eu costumo ver em outras histórias.
Nesse livro, a magia é feita quase que por um processo de visualização e
concentração. Se você quer que um objeto pegue fogo, você precisa visualizar e
se concentrar naquilo que você deseja. Geralmente eu leio histórias em que a
magia só pode ser liberada através das palavras certas.
A estrutura do Clã é
muito interessante, sendo dividido em três facções: curadores, guerreiros e
alquimistas. Cada uma dessas áreas possui um chefe, que irá coordenar todas as
atividades a ele relacionadas. Eles só são subordinados ao Lorde Supremo, que
toma as decisões finais mais importantes. Quem se atenta aos problemas diários
e rotina de todo o Clã é o Administrador. Além disso, há professores,
aprendizes, entre outros.
Um fator que me chamou
a atenção foi o modo como a história ia sendo narrada, pois em cada momento nos
encontramos no pensamento de um dos personagens. Achei isso bem legal, pois
podemos saber o que duas pessoas diferentes estão sentindo ao ter a mesma
conversa. Os diálogos entre os magos podiam ocorrer tanto oralmente, quanto
mentalmente.
A história é dividia
em duas partes. A primeira consiste basicamente na fuga de Sonea e nas
expedições que os magos faziam para encontrá-la. Eu achei essa parte bem legal,
sendo que você consegue ver a precariedade das favelas em que as pessoas vivem.
Mas, sem dúvida nenhuma, a segunda parte é a melhor. Nela, Sonea é encontrada
pelos magos e vemos todo um jogo de política para decidir o que fazer com ela.
É realmente MUITO LEGAL.
Assim, convido todos
vocês a lerem esse maravilhoso livro. Ele possui uma história muito boa e
personagens para todos os gostos. Além disso, ele fecha com chave de ouro e faz
parte de uma trilogia, então você vai poder aproveitar três livros dessa ótima
trama. No final desse primeiro volume, há um dicionário feito por Dannyl com os
termos usados pelas pessoas da favela.
Nota: 9
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