Ano: 2011
Autor: Jô Soares
Número de Páginas: 256
Editora: Companhia das Letras
Hoje
tenho o prazer de resenhar para vocês uma obra literária brasileira que gosto
bastante: “As Esganadas”. O autor é o nosso conhecido Jô Soares. Não sei muita
coisa sobre ele, apenas que ele é um famoso apresentador, por isso, vocês podem
imaginar a surpresa que eu fiquei quando essa obra veio as minhas mãos. Só
posso dizer que Jô Soares é um ótimo escritor e que procurarei outros de seus
livros.
A
história se inicia com uma gorda. Ela está indecisa sobre qual dos dois doces
em sua mão ela deveria comer primeiro. Até que um furgão branco chama sua
atenção. Não o furgão propriamente dito, mas sim os doces dispostos em suas
prateleiras e uma plaquinha que dizia: “DEGUSTAÇÃO GRÁTIS! PROVE OS SABOROSOS
PETISCOS DA PÂTISSERIE DOCES FINOS E AJUDE-NOS A ESCOLHER. NENHUMA EXPERIÊNCIA
NECESSÁRIA.”. A gorda vai em direção aos aparentemente deliciosos doces e mal
sabe que serão a última refeição de sua vida.
No
Outono de 1938 uma notícia bombástica e preocupante assola o Rio de Janeiro. 4
jovens sumiram sem deixar vestígios. Todas elas possuíam apenas uma
característica em comum: todas eram gordas. O “Caso das Esganadas” ganhou
destaque principalmente pelo modo como as vítimas eram mortas. Elas eram
asfixiadas com doces portugueses...
Muito
estranho, não é? E o mais estranho de tudo era que o assassino não deixava
nenhum vestígio. Por isso mesmo, Filinto Muller encarrega Mello Noronha para o
comando do caso. Tobias Esteves, Calixto e Diana se juntam a ele para que
possam solucionar o “Caso das Esganadas” e acabar com as atrocidades feitas
pelo assassino.
Ao
contrário do convencional, onde o leitor descobre o assassino apenas no final,
em “As Esganadas” é uma das primeiras coisas que o leitor passa a saber. E o
nosso assassino é... Caronte, o dono da funerária Estige! Bem inovadora a ideia
de Jô Soares, não é mesmo? Pelo menos, eu nunca vi nada parecido em nenhum
livro.
A
parte mais legal de tudo isso é você entender tudo por trás dos assassinatos. O
que o motivou, o porquê das vítimas serem sempre mulheres gordas, como ele
conseguia atraí-las... Tudo isso você descobre mais no início, apesar de você
ir descobrindo certos aspectos de sua vida e personalidade mais à frente. Achei
muito legal!
Outro
aspecto que me agradou bastante foi o ambiente que o autor conseguiu criar. Não
é a toa que antes da história, tinha uma lista imensa de pessoas que o ajudaram
em suas pesquisas. A trama se passa na Era Vargas e na época da Segunda Guerra
Mundial. Quando lia, realmente podia me imaginar no Rio de Janeiro de 1938. As
notícias de jornal, as propagandas feitas pelo rádio, tudo contribuiu para que
eu tivesse a melhor experiência ao ler “As Esganadas”. Achei perfeita a
perspectiva histórica colocada no livro! <3 Isso só prova, mais uma vez, que
Jô Soares é um ótimo autor.
Agora,
um fator que me decepcionou um pouco foram os personagens. Sério, nenhum deles
você gosta por completo. E não é porque eles possuem características horríveis
(apesar deles possuírem), mas sim porque todos eles são muito sem sal. Calixto
é um medroso completo, Noronha é um ranzinza, Esteves é um intrometido e fica
até chato quando não para de falar em enigmas e Diana por ser um pouco
convencida demais. Talvez eu esteja exagerando, mas não gostei muito deles.
Apesar disso, todos possuem um papel importante para a equipe e possuem
características louváveis.
Com
personagens tão sem sal, não me surpreendi do fato de Caronte ser o personagem
mais interessante de toda a história. Você passa todo o livro querendo entender
tudo por trás de sua mente doentia e perturbada. Achei genial a ideia por trás
do assassino. Quando vamos descobrindo os segredos de Caronte, ficamos cada vez
mais curiosos de como a história vai se desenrolar, de como os detetives vão
conseguir pegar o assassino. Recomendo “As Esganadas” para todos aqueles que
gostam de um bom romance histórico policial. Foi uma trama bem diferente de
tudo que eu já vi.
Nota: 8
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